quarta-feira, 13 de maio de 2009

Nós sabemos disso


A vida nos proporciona inúmeras viagens; idas e vindas, talvez idas sem volta. De cada experiência, de cada história pra contar, muita bagagem pessoal e conteúdo emocional. Em cada estrada desbravada, um novo desvendar de si próprio. E talvez aí esteja o grande segredo da falta de auto-estima, das indecisões, das confusões, das angústias, dos medos; não devemos ter medo de nos desvendar.

Um olhar! Em meio a bilhões de pessoas, em meio a tanta correria, em meio a tamanha banalização da demonstração de um sentimento, em meio a embriaguez desvairada; no mais sublime acaso ou caso destinado da vida, basta um encontro de olhares pra que nasça em sua frente um novo caminho, cheio de sonhos e objetivos, cercados das mais variadas barreiras.

Não é preciso acreditar em destino ou acaso; é necessário viajar na intensidade e no significado daquele momento, desvendar aquele momento, seja ele qual for. O problema é que não damos importância, não degustamos o suficiente daquele sabor. Na maioria das vezes nos falta horizontes, então preferimos ficar na superficialidade da vida, naquele quadradinho onde o sistema quer que fiquemos.

E se fosse só mais um olhar? Cercado por tamanho barulho, o qual até proporcionava um certo silenciar das vozes, lembro-me perfeitamente daquele encontro; mais que dois olhares, duas essências que saíam daqueles olhos. O mundo parou naquele momento, foram segundos da mais pura ação do acaso ou do caso destinado. Sei que não foi só mais um olhar, aliás, nós sabemos disso.

Algo dizia que havia uma força muito grande ali. Era definitivamente uma energia nova, um sentimento ainda desconhecido, mas muito bom e estranho ao mesmo tempo. Não era um barato desejo, era o desejar de um beijo. Mas não só mais um beijo, um beijo com um puro desejo. Um desejo de desvendar aquele momento, a total conscientização do que era aquele instante. Então embarcamos numa viagem sem ponto de chegada, apenas sentamos na poltrona do avião e fomos voar nas mais altas nuvens de um beijo; um beijo excêntrico, um beijo sem explicações, um beijo que pediu bis.

Depois da viagem aos céus e da despedida meio repentina, ainda com um olhar puxando o outro como se fossem ímãs, veio a hora de dormir. Mas tudo parecia tão presente, tudo parecia não querer dormir, tudo parecia nem querer raciocinar, apenas sentir; então, só fechei os olhos e voltei pras nuvens até que pegasse no sono, até que aquele olhar e aquele beijo me pusessem pra dormir o melhor sono da minha vida. Vejo que esse foi o momento em que mais fui convidado a me desvendar, a reconhecer meus valores, ideais e sonhos.

Despertei do sono, mas não acordei do sonho, da minha viagem. Aquilo era realmente muito louco, sentia uma vibração positiva, um arrepio inexplicável. Acordei mais feliz naquele dia. Por que? Não há como explicar; só eu sei, aliás, só nós sabemos disso. E a partir daquele dia, criei uma nova estrada em minha vida. Um caminho muito iluminado, mas que deveria ser muito bem trabalhado, muito bem desvendado a cada novo dia, a cada nova barreira.

Muitas pessoas têm medo de se desvendar, simplesmente porque acham que é a coisa mais complicada da vida ou por insegurança própria. O auto-descobrimento depende do amor-próprio; devemos ser sinceros, honestos e dignos com nós mesmos. Olhar pra dentro e começar dali o processo de busca das razões da existência ou de cada estrada desbravada. Temos de estar seguros de nós mesmos, saber quem nós somos. Não deixe que as ações externas destruam sua essência; o processo ideal é de dentro pra fora, mostrar pra você e pro mundo o que você é, não o que querem que seja.

Hoje continuo nessa viagem às nuvens, só que talvez esteja enfrentando uma de suas maiores barreiras. Desistir? Jamais. Daquele dia nasceu um sentimento imensurável, bastante intenso. A acomodação é uma grande inimiga no caminho do auto-descobrimento, mas torna-se (quando descoberta) um combustível potente pra fazer seu avião voar aos céus e voltar a desvendar as razões do caminho, do encontro, daquele olhar, daquele beijo. Sei muito bem o que senti nessa estrada e o que ela ainda me reserva, aliás, nós sabemos disso.

Vamos nos desvendar!

Um comentário:

  1. Olha adorei,sabe, por muitas vezes pensei que ninguém entendia a linguagem do olhar, esse pode até transmitir muito mais que certas palavras, é ele que toma a frente quando tudo se torna silêncio. Ah! e outra acho que aquele verso seu sobre desvendar vai ficar, citei ele num dos meus pots.. rs!
    Beijos ;*

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